Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. O Evangelho deste domingo (Lc 10,1-12.17-20) apresenta a missão dos seguidores de Jesus. Com os discípulos, Jesus está a caminho de Jerusalém. É sua principal viagem missionária. Nela Jesus vai oferecendo aos discípulos a plenitude da revelação do Pai. É um caminho muito longo, pois longo é também o processo de formação dos discípulos, que vai acontecendo no decorrer do ministério de Jesus. Em Jerusalém, Jesus irá dar a vida e, de lá, nascerá a Igreja para dar continuidade à missão de Jesus, levar o Evangelho a todos os povos.

Caros irmãos e irmãs. Na missão de anunciar o Reino de Deus, Jesus quer a colaboração dos discípulos. Por isso, “escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, à sua frente, a toda a cidade e lugar onde ele próprio devia ir” (Lc 10,1). A missão que anteriormente era do grupo dos doze apóstolos é agora também designada a outros setenta e dois. Significa que a proposta de Jesus não é exclusividade apenas de um grupo. Dizer que enviou outros setenta e dois significa que Jesus quer envolver a todos no anúncio do seu Evangelho. A designação de irem “dois a dois” faz ver que o anúncio do Evangelho é um trabalho comunitário e todos nós batizados somos chamados a colaborar.

Desde o início, Jesus alertou os discípulos de que “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Lc 10,2a). Por isso, eles deviam confiar em Deus: “Pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita” (Lc 10,2b). Isso mostra que, diante dos desafios da missão, eles deviam ser “homens de oração”. A oração faz ver que a missão dos cristãos é graça que vem de Deus, pois é Deus o dono da colheita! Ao enviá-los em missão, Jesus também alertou os discípulos para as dificuldades que iriam encontrar no trabalho missionário: “Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10,3). Jesus estava sendo perseguido desde o início de seu ministério, havendo desde lá um plano para eliminá-lo (Mc 3,6). A perseguição foi uma realidade constante na vida de Jesus e os discípulos deviam estar cientes disto e não deveriam tomar os métodos violentos da sociedade. Somente anuncia o Reino de Deus quem se desapega dos poderes que geram a morte.

Depois Jesus deu aos discípulos uma recomendação desconcertante: “Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias e não cumprimenteis ninguém pelo caminho” (Lc 10,4). Significa que, na missão, eles deviam dar testemunho, vivendo a mesma simplicidade do povo. Não deviam levar consigo nada que pudesse atrapalhar a missão evangelizadora. A única coisa que deviam carregar era a convicção da importância do Evangelho de Jesus para a vida das pessoas. A preocupação que devia estar com eles era a dedicação total à missão. Eles não deviam perder de vista o Reino de Deus.

Prezados irmãos e irmãs. Jesus enviou-os nas casas e nas cidades. Deviam ser portadores da paz: “A paz esteja nesta casa! ” (Lc 10,5). Por todos os lugares onde fossem deviam “curar os doentes” e anunciar a proximidade do Reino de Deus: “O Reino de Deus está próximo de vós” (Lc 10,9). O Evangelho que deviam anunciar é a Pessoa de Jesus, experiência humanizadora e salvadora que começou com sua presença. Por isso, evangelizar é, sobretudo, tornar presente, no próprio coração de todos, a força salvadora da Pessoa de Jesus Cristo ou, como dizia o Papa Francisco: “Evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo” (EG 176). Para tornar presente essa experiência libertadora, os meios mais adequados não são os do poder, mas os meios simples, dos quais o próprio Jesus se serviu deles: o amor solidário, a acolhida fraterna, o perdão misericordioso, a comunhão de vida. Portanto, sejamos também nós, anunciadores da Boa Notícia do Reino de Deus, vivendo estes valores em família e em comunidade.

Deus abençoe a todos e bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali - Bispo Diocesano de Erechim – RS