ENSINO
Semana de Psicologia da URI analisa Shrek e Alice sob a ótica da psicanálise
   
A arte é ponte para o inconsciente

Por Setor de Comunicação da URI Erechim
23/10/2025 15h26

A segunda noite da 20ª Semana Acadêmica do Curso de Psicologia da URI Erechim, realizada na quarta-feira (22), no Auditório do Prédio 8, promoveu uma imersão nas conexões entre arte, subjetividade e prática clínica, a partir da análise dos filmes “Shrek” e Alice no País das Maravilhas”. A programação, aberta com um momento cultural do Grupo Recreio, da Escola Básica da URI, trouxe leituras psicanalíticas e reflexões contemporâneas sobre o comportamento humano a partir de personagens do cinema.

A psicóloga Paola de Ré, na sua  palestra “Desvendando os Complexos de Shrek: um estudo de caso psicanalítico”, propôs uma análise simbólica do personagem principal da animação. Paola, formada pela URI, com especialização em psicoterapia psicanalítica, convidou os presentes a imaginar Shrek como um paciente em análise. A partir dessa metáfora, explorou conceitos de Freud, Lacan e Winnicott para discutir temas como rejeição, autoimagem, estigma e construção do “eu” a partir do olhar do outro.  Segundo ela, o cinema pode ser uma ferramenta importante de reflexão clínica: “A arte nos ajuda a construir referenciais simbólicos, metáforas e imagens mentais que muitas vezes servem de ponte para acessar o inconsciente”, afirmou.

A palestrante também abordou o papel da contratransferência na clínica e a importância de reconhecer os sentimentos despertados nos profissionais diante de determinados pacientes. “O desafio é sustentar essas emoções sem agir e sem negar. Quando conseguimos metabolizar o que sentimos e devolver algo transformado ao paciente, a contratransferência se torna uma ferramenta de trabalho”, explicou.

A fala de Paola relacionou ainda a trajetória de Shrek a processos de amadurecimento e autoconhecimento, evidenciando a passagem do isolamento à construção de vínculos, simbolizada nas relações com Burro e Fiona. “Ao longo da história, Shrek deixa de ser apenas o ‘ogro temido’ para se tornar sujeito desejante. É um processo de reconciliação com a própria falta e com o desejo”, observou.

O público acompanhou, ainda, a Roda de Conversa “Des(construindo) Alice no País das Maravilhas: entre realidade e fantasia”, mediada pela professora Mariana Alievi Mari e composta pelas psicólogas Adriana Paula Tedesco Lorini, Giovanna Nonemacher e Carini Zambiasi.

O debate explorou diferentes abordagens teóricas — sistêmica, cognitivo-comportamental e humanista — aplicadas à leitura do clássico literário e cinematográfico. A mediadora pontuou a atemporalidade da obra de Lewis Carroll e a relevância simbólica da pergunta feita à protagonista: “Quem é você?”

Giovanna, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, analisou o mergulho da personagem no “país das maravilhas” como metáfora para o autoconhecimento. “A queda no buraco representa Alice entrando em contato com suas próprias emoções e crenças”, explicou, relacionando a narrativa a processos de formação de vínculos e de validação emocional.

Carini, representante da Psicologia Humanista, ressaltou a autenticidade e a incongruência vividas pela protagonista diante das expectativas sociais. “Alice é uma jovem que tenta se manter fiel a si mesma em um contexto que cobra adequação. As escolhas que faz ao longo da história refletem sua coragem de se construir com base em seus próprios valores”, afirmou.

Já Adriana, especialista em Terapia Sistêmica, analisou as relações familiares e os papéis sociais que moldam a identidade da personagem. “A história da Alice é sobre pertencimento e diferenciação. Ela precisa romper com as lealdades familiares e encontrar o próprio caminho, o que simbolicamente aparece na luta contra o dragão”, salientou.

Encerrando o diálogo, as convidadas refletiram sobre como as histórias da ficção podem auxiliar na escuta clínica e na compreensão dos processos humanos.


 


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