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ERECHIM |
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Oração sincera e humilde Caminho para Deus – Voz da Diocese |
| O Alerta de Jesus Contra a Autossuficiência Espiritual |
Minha saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Estamos finalizando o Mês Missionário onde refletimos sobre nosso compromisso de sermos “Missionário da esperança entre todos os povos”, tema deste mês da Missões.
Caros irmãos e irmãs. A Liturgia da Palavra de hoje nos mostra que é sincera a oração humilde. Deus não se impressiona com a aparência, nem com o palavreado, mas olha para a sinceridade do coração das pessoas. Podemos nos perguntar: Como nos apresentamos diante de Deus?
A primeira leitura (Eclo 35,15b-17.20-22a) revela-nos que Deus “não faz discriminação de pessoas” (Eclo 35,15b), “mas escuta as súplicas dos oprimidos; jamais despreza o pedido do órfão, nem da viúva” (Eclo 35,17). Trata-se de um Deus que atende e acolhe os que clamam por sua misericórdia, pois Ele é um “Deus de compaixão e de piedade” (Ex 34,6), “um Deus misericordioso” (Dt 4,31). As preces dos que recorrem a Ele com humildade são ouvidas.
O Salmo responsorial (Sl 33) reforça essa certeza. Deus atende o clamor dos pequenos, e nos diz: “Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta. Do coração atribulado Ele está perto e conforta os de espírito abatido” (Sl 33,18-19).
A segunda leitura (2Tm 4,6-8.16-18) apresenta o testemunho do Apóstolo Paulo, que, ao sentir chegar o fim de sua vida, manifesta sua total confiança em Deus e diz: “Eu já estou para ser oferecido em sacrifício: aproxima-se o momento de minha partida... Agora está reservada para mim a coroa da justiça... O Senhor fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente...” (2Tm 4,6.8.17). Por isso, na certeza de que Deus não o abandonaria, disse com toda a convicção: “O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu Reino celeste” (2Tm 4,18).
Caríssimos. O Evangelho (Lc 18,9-14) narra que, diante de “alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros”, Jesus contou uma de suas parábolas mais desconcertantes: a do fariseu e do cobrador de impostos que subiram ao Templo para rezar. A postura de cada um revela dois modos de rezar, mais ainda, duas atitudes diante de Deus. Era isso que Jesus, em seu ministério, via acontecer.
O fariseu apresenta-se orgulhoso e autossuficiente, menosprezando a todos, inclusive o cobrador de impostos: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens...” (Lc 18,11). E apresenta-se como fiel cumpridor da Lei, destacando a prática do jejum e do dízimo ( 18,12). Mais do que uma oração sincera a Deus, ele fez uma exaltação pessoal, uma autoglorificação ou uma contemplação de si mesmo. Esse pode ser um perigo nosso também. Trata-se do “legalismo espiritual”, onde a pessoa se sente justa por cumprir formalmente os preceitos religiosos, sem importar-se com as pessoas.
O cobrador de impostos, diante do fariseu, sentiu-se um nada. “Ficou à distância e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador’” (Lc 18,13). Sua postura revela a consciência de sua pequenez, de suas fragilidades, de que não tinha nada a oferecer a Deus e se reconhece necessitado da graça divina. Diante desta sua realidade só lhe restava abandonar-se à misericórdia de Deus. Ele, portanto, nos faz ver que a verdadeira oração é aquela que nasce de um coração sincero e humilde, aberto ao amor misericordioso de Deus.
Prezados irmãos e irmãs. Vemos, então, a conclusão da parábola contada por Jesus: “Este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois, quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado” (Lc 18,14). Esta é a lógica do Reino dos Céus. Não são os que se vangloriam de suas ações que são justificados. Se o mundo valoriza o sucesso, a aparência, Deus olha o coração. Toda forma de orgulho nos afasta dos irmãos e nos separa da comunhão com Deus. A oração autêntica nos torna humilde e nos coloca a serviço dos irmãos e irmãs. O verdadeiro caminho para Deus passa pela humildade. Por isso, a oração sincera e humilde é o caminho para Deus.
Deus abençoe a todos e bom domingo.
Dom Adimir Antonio Mazali - Bispo Diocesano de Erechim – RS
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